Equipamento de proteção de linha passou por manutenção uma semana antes do incidente, mas não foi reativado após o processo.
BRASÍLIA - O diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp afirmou nesta quarta-feira, 31, que o apagão ocorrido na semana passada nas regiões Norte e Nordeste foi causado por uma falha humana, após manutenção no equipamento de proteção na linha de transmissão Taesa, controlada pela Cemig, realizada na semana anterior. O problema foi causado porque essa chave de proteção não teria sido reativada após o processo.
Mas Chipp destacou que essa falha também não foi detectada pela empresa. "A falha não foi identificada porque testes operacionais não foram feitos. Como a proteção não funcionou, o desligamento foi propagado", acrescentou. As informações constam em relatório do ONS, divulgado nesta quarta. O texto sobre a ocorrência será enviado para a Aneel.
"É importante diferenciar bem origem da causa da queda de energia da semana passada. A causa foi o não funcionamento da proteção do equipamento da Taesa/Cemig. Testes confirmaram que a proteção não estava ativa no momento da ocorrência", reforçou o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
O ministro garantiu que a hipótese de falha proposital está completamente descartada. "Ocorreram duas coisas: um erro de um técnico e a falta de um procedimento de verificação por parte da empresa", reforçou.
Chipp disse que o ONS também identificou falhas no religamento de energia, que demorou mais de quatro horas. "O tempo de recomposição foi muito demorado, estamos investigando. Houve falhas nos três caminhos principais de religamento da energia, como bloqueios de disjuntores, tensões elevadas", completou.
De acordo com ele, os órgãos já iniciaram estudos para a definição de caminhos alternativos de religamento da eletricidade e a superação desses bloqueios.
Segundo o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, o órgão regulador pode inclusive rever seus regulamentos para testes de equipamentos e procedimentos de emergência. "houve falha humana, mas também houve falha de procedimento da empresa. Vamos investigar e partir também para uma série de aprimoramentos no sistema", prometeu.
Zimmermann explicou que a conclusão de falha humana para o apagão da última sexta-feira não tem relação com os outros casos recentes de queda de energia que atingiram diversas regiões do País nas últimas semanas. "Nos outros casos recentes, não houve problema de procedimento, mas nos próprios equipamentos", afirmou.
Chipp ainda citou que o primeiro evento no Nordeste, há cerca de 40 dias, foi causado por um ponto cego na proteção. Já o segundo apagão, no Sul do País, foi causado por uma falha no próprio equipamento. A terceira ocorrência, em Brasília, teria sido causada por uma sobrecarga na rede.
Térmicas
Zimmermann disse que, devido à seca no Nordeste, praticamente todas as usinas térmicas do País, já estão despachadas. "Nosso sistema é hidrotérmico e quando custo da água é mais alto que custo de energia térmica, passamos a gerar nesse modelo", afirmou.
Na região nordeste, os reservatórios estão em estado de alerta. De acordo com dados do ONS, este mês de outubro foi o mais seco dos últimos 83 anos.
Só em outubro, o nível de armazenamento do Nordeste despencou 8,2 pontos porcentuais, de 42,6% para 34,4%, o menor nível desde 2003. Os reservatórios estão apenas 5,8 pontos acima do limite de segurança para o abastecimento do mercado - um mecanismo de alerta criado pelo governo após o racionamento de 2001.
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